edição 29
| agosto de
2008
percurso Ficou para trás a luz do túnel. Trev'alguma põe rédea no destino de quem não tem nada a perder.
Tenho claro o lugar do próximo passo: o caminho continua onde firmar o pé depois do tropeço.
Ladeira abaixo anuncia fim de queda, acima, prepara a próxima.
Na mochila só a máxima: com santo não faço barganha nem tomo da vida menos que mereço.
2 minicontos temperos
Creio num deus que não responde às minhas preces, ou responde com demoníaco silêncio. Um demônio que se quer pacífico e semeia a guerra entre os divinos sentimentos que me habitam. Um deus que se diz sereno e ordena terremotos e vulcões no que me é. Um demônio que quando distante é tangível. Um deus que quando tangível é só distância. Um demônio que de alpargata e gibão cavalga nas caatingas dos meus sonhos. Um deus que cozinha em caldeirão de estanho todas as palavras. Só as endemoniadas palavras.
nascimento de Vênus
era pra ser pra todo o tempo eterno mito por ter sido terno e muito e nada é mais que pouco quase nada só lembrança esburacada onde seu rosto se desfez sua voz no silêncio se perdeu e seus passos fazem eco na negra madrugada despertando os vendavais a eternidade liqüefeita que me inundou nos segundos poucos do seu gozo que em água transmutado se me escorre pela cara a espuma onde nasci enluarada hoje é larva de vulcão e eu sou lilith desvairada trago fogo nos meus beijos troco afagos por desejos sei gemer gata no cio sei uivar fera enjaulada sei fingir que sou amada deusa do amor de qualquer um presa prenha do amor de um canalha e que me venham tantos quantos e que me fodam pelos becos noites frias madrugadas que nas mãos de cada macho há a marca de você que em cada louca língua há o gosto de você na porra deles todos há um pouco de você.
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