edição 28
| julho de
2008
insetolândia Por que o mundo é finito? Debateu-se preso no copo, o desesperado mosquito.
Eu sou uma estrela! Iluminou-se o feliz vaga-lume, pela noite inteira.
Dê-me o mais doce do seu amor! Pediu a ansiosa abelha, pousando em mais uma flor.
Então a vida pode ser mutante! Maravilhou-se a borboleta, saindo do casulo naquele instante.
E qual é a graça?! Perguntou com coragem ao inseticida, a suicida traça.
Que destino chato! Gritou com piedade a barata, ao ser achatada pelo sapato.
O planeta é oco! Lastimou-se a solitária minhoca, no fundo do poço.
Que grande acontecimento! Deliciaram-se os famintos vermes, após o sepultamento.
2 microcontos Louva–deus
Caos
Num
sei lê caos de quê num tem escola.
a vida anda lerda
arrasta-se lesma
marcha-lenta
mescla de merda
com porra alguma
a vida [boca suja]
bamba na corda
pega no tranco
leva na bunda
a vida anda nas últimas
goza nas coxas
cochila no ponto
a vida anda às cegas
fraca das pernas
no osso do ócio
no fundo
a vida desanda
e não enxerga
a medida do poço
a vida está um caco
um buraco cósmico
tremendo saco
anda puta da vida
e ainda declama
seu caos tragicômico
a vida poeta
percebe poesia
no olho do
vácuo
polaróides ao folhear o álbum perdido, olhando para a câmera. stills de um filme antigo
auto-retrato, jogo de aparências: atrevimento, concentração. office killer, nadadora, naïve. de pernas cruzadas, sentada na janela
já não reconhece mais as perucas, os disfarces
as imagens se desintegram. são apenas paródias, mutilações
corpos de manequins de plástico desmembrados, disformes
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