edição 25
| abril de 2008
1 poema
se a noite for
silenciosa dá um berro e depois uma
risada já é um
começo e se não der em nada arruma
outra jogada pra se livrar do
presente passar pro outro lado da
existência se a noite for
quente tira a roupa e se joga no
laguinho da praça e como um Apolo macho enfia
o gancho na primeira Vênus com braços
que ficar de olho grande no
teu pequeno caralho se a noite for de lua
cheia fica de quatro e espera
paciente o bafo na nuca do lobisomem
é quente não se avexe é tudo
brincadeira se doer chame o corpo de
bombeiros se a noite for
fria sobe num galho parrudo e
finge ser coruja com o olhar fixo no casal
deitado na grama se por acaso ela for tua
mulher não reclama aprende e faz o mesmo com
ela na tua cama se a noite for de
chuva fica em casa e toma uma
Brahma e pensa como seria bacana
ter namorada que não seja
sacana e a Brahma ser mais
gelada
soneto
feio
"no galhinho colocado
atrás da orelha" caio fernando
abreu rebentou a gritaria no
quintal bateu portas rangeu o rato
no forro ibira abriu berreiro de
socorro corri acudi meu filho
arrastei pau que nojento era aquele
capiau não marginal comum com faca
e gorro mas bicho das caverna em pé
de morro fedia a sapo morto em
matagal ibira ja foi cutucando a
vara e o coisa se enfeiava igual
barata dei risada e chamei meu
caiçara que susto filho quase cê me
mata ah mãe virei pra trás e vi
esse cara então cruza essa arruda que
ele afasta
para o
ladrão de flores
pé ante
pétala ilusão de besouros na
noite iluminar o jardim com
margaridas para acelerar a
primavera
|