edição 18
| julho de 2007
oração por minhas filhas Carregar a fina
louça nas trevas por essa
trilha: eu, que sou tão
tosca e que delas pareço filha.
Pai! Apiedai-vos de
mim, delas, de
nós. Endireita o que eu caminhar
torto e quando eu for
ventania, sede Vós, para elas, o
porto.
a balada do fogo azul As velas nem aquecem as
vendas dos fabricantes de velas era o que eu ouvia quando a minha mãe
sorria olhando o infinito. Antes muito tempo fora daquele tempo em que eu
havia narrado anteriormente, este em que a minha mãe olhava o infinito,
minha mãe usou quase que uma caixa de fósforos inteira para acender aquela
vela a São Caetano. Aquele santo fora capaz de modificar a vida da mulher
do Trindade, ela recebeu muitas graças inclusive o filho pequeno que
dormia que roncava baixinho feito um carneirinho. Também Luzia, outra
vizinha, havia conseguido ganhar um rádio na rifa, que naquele exato
momento tocava uma canção triste, mas alegre com tudo que a vida pode ter
de mais dicotômico. O Armando era o mais contente e havia ampliado a sua
fábrica de velas. E assim poderia citar mais umas cinqüenta pessoas que
morreram no incêndio provocado pela minha mãe naquele dia. São Caetano...
São Caetano!
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