edição 13 | dezembro de 2006
tempo

 

tempo
tereza yamashita

Para os sub-reptícios Nelson de Oliveira, Luiz Bras,
Teodoro Adorno e Valério Oliveira



Quando estou com ele
o tempo
pára
voa
Quando estou com ele
o tempo
acaricia
esbofeteia
Quando estou com ele
o tempo
abre
fecha
Quando estou com ele
o tempo
grita
cala
Quando estou com ele
o tempo
seduz
foge
Quando estou com ele
o tempo
mastiga
cospe
Quando estou com ele
o tempo
chama
ensurdece
Quando estou com ele
o tempo
sorri
morre

 

 

.

6 poemas
valéria tarelho

máxima, mínima, comum

o tempo ruge
a vida (r)uiva
a noite (rave)
vib(o)ra
em tons neons

na solitária do poema
uma loucura
(loura?)
nua de estilo
estrila cor alguma

em chamas
ri de si
— estrela insana —
reduzida
a cinzas

[ foro íntimo
queima
o que outrora
fora índigo ]

...e chove
aforismo
lá fora

 

 

 

(en)tanto

 

"A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar"
Tom /Vinicius

 

não creio
em carma causa efeito
acaso destino
assim estava escrito

acredito
na brisa que passa
na brasa que bisa
na bossa nossa

no tom no tato
no tento
eu e tu: momento

 

 

 

ócio


quando mato o tempo
sinto-me suicida

e a alma fútil, pena
vagando no limbo
das horas inúteis

— inescusáveis —

 

 

 

replay

 

rotina é uma fita
um tira-teima do dia-a-dia
seqüência de atos
— gastos —
filme triste
que você rebobina
rebobina
rebobina...

até partir

 

 

 

tiquetaqueando


é preciso estancar o tempo
que faz com que meus filhos cresçam
enquanto eu adolesço
é preciso acertar os ponteiros
do meu relógio de (im)pulso
com o fuso horário de meu destempero
é preciso mover o pêndulo do cuco
de canto tartamudo
que retarda a hora de ir embora
é preciso ajustar o big ben do peito
antes que eu (en)farte
precisamente à meia-noite
em meio ao meu erro mais crasso
esse amor desperta dor
no atraso
marca-passo

 

 

 

temporã

no efêmero instante
em que nossos ponteiros
se encontram
deitamos emoções possíveis
no leito da fração de segundo
que todo o tempo do mundo
nos recusa

mas o tempo que nos separa
— amantes e distantes —
não pára e tem pressa
dispara e recomeça
a contagem regressiva
para o momento fugaz
de unir o amor
do minuto voraz
ao corpo diminuto
da hora passiva

passa o tempo
passa, tempo
passatempo
passa...

resta o tempo
— tempohorário —
eternizado na poesia

 

 

 

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