edição 8
| julho de 2006
du plus fort Pra baixo todo santo ajuda.
homens -
Amor: não tenho mais nenhuma meia limpa! -
Vai ver é porque as elas não caminham sozinhas até o tanque. Sinto
uma certa ironia na sua voz. Mas, o que foi que eu fiz? Melhor eu
mudar de assunto. -
Amor: tô morrendo de fome. Tem alguma coisa pra comer? -
Tem um resto da lasanha de ontem. Pego
a lasanha na geladeira e coloco no microondas. -
O que você fez hoje? -
Li, vi televisão, escrevi um pouco... -
Só isso? -
Não. Fiz as unhas também. Está
explicado. Foi por isso que ela não lavou a louça. -
A tua mãe ligou. -
Ela sabe que eu nunca estou em casa durante o dia. O que ela queria? -
Saber se estava tudo bem. -
E o que você disse a ela? -
Que estava tudo ótimo. Termino
de comer e coloco o prato dentro da pia junto com os outros. Sento
ao seu lado no sofá e pego o controle da televisão, mudando os canais. -
Hoje o Inter joga contra o Juventude. -
E vai ser aqui ou lá? -
Lá. Mas não te preocupa, começa depois da tua novela. -
Pensei que a gente ia ao cinema. Hoje é quarta, lembra? -
Vamos na semana que vem. Ela
tira a minha mão de cima da sua perna, vai para o quarto e fecha a
porta. Eu procuro um joguinho na televisão, só para me distrair, enquanto
não começa o clássico. Uma hora depois, ela passa por mim, vestindo
uma minissaia e usando o seu melhor perfume. Na mão, carrega, além
da bolsa, o cesto da roupa suja. -
Aonde você vai a essa hora? -
Vou tomar um chopinho com uma amiga. -
Que amiga? -
A Miche. Pena que você tem o jogo, né, amor? -
Você não me disse que ia sair. -
Você não perguntou. -
Vai voltar tarde? -
Não. Antes de terminar o jogo eu tô aqui. Vou deixar a tua roupa na
máquina. E, na volta, eu estendo. Tchau, amor e boa sorte para o Inter!
-
Vejo minha mulher saindo. Escuto o barulho da máquina de lavar roupas.
E, na televisão, meu time leva um gol.
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