edição 17
| junho de 2007
geada Partida,
irremediavelmente, a pétala do lábio ao
toque mecânico da língua há pouco desperta pressentiu
o estrago, até então desconhecido, dos
anos de exílio solar. Permaneceu
imóvel. Paralisava-o
o impacto da surpresa mais
que o fino gelo que eriçava-lhe os pêlos. Não
sabia ao certo a extensão da perda e
apalpava com pejo a inocência queimada. Ideogramas
desfiguravam-se revelando molhados
segredos ancestrais. Restava-lhe a certeza do degelo.
esquinas há um céu que se
divide entre azul e cinza e
nuvem há carneirinhos em seus
cabelos e lésbicas rodando
bolsinha na manhã de minha sopa
quente há barbitúricos e
cocaína no clitóris da
paisagem há uma engrenagem
nuance entre azul e cinza e
nuvem há um céu que se
divide
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